terça-feira, 15 de março de 2011

Ex aluno do IG detecta tremor no Japão em sismógrafo construído por ele mesmo


 O terremoto de 8,9 pontos na Escala Richter que atingiu o
Japão nesta sexta-feira (11) também foi registrado a poucos quilômetros do
campus da Unicamp em Campinas, num prosaico banheiro de fundo de quintal.
No local está instalado um sismógrafo horizontal amador construído há três
anos pelo geólogo Rogério Marcon, funcionário do Instituto de Física Gleb
Wataghin (IFGW). “O registro foi feito por volta das 3h30 da manhã, pouco
tempo depois da ocorrência do abalo. Entretanto, eu só o verifiquei às
5h30, quando acordei. Logo em seguida, liguei a televisão para me informar
sobre o que tinha acontecido”, conta Marcon, que gastou algo como R$ 500
para conceber o aparelho.

Rogério Marcon mostra o sismógrafo que construiu: centenas de registros em
apenas três anos. De acordo com o geólogo, formado pela própria Unicamp,
além do sismo principal, outros 60 terremotos sequenciais, de menor
magnitude – abaixo de 6 pontos – foram registrados por sismógrafos no
Brasil. “É preciso esclarecer que as pessoas aqui no país ou em Barão
Geraldo não sentiram a terra tremer. Apenas os sismógrafos são capazes de
captar as ondas propagadas desde o Japão”, esclarece.  Ainda segundo
Marcon, não há propriamente um teto na Escala Richter. “Entretanto, até
hoje, nunca se viu terremoto acima de 9,5. Este do Japão chegou bem perto
dessa marca”.

Logo que verificou os dados assinalados pelo seu equipamento e o
noticiário, o funcionário da Unicamp começou a receber telefonemas de
amigos e de jornalistas interessados em obter informações a respeito do
fenômeno. Para compartilhar os dados de maneira mais rápida, ele colocou
no ar, via internet, imagens online do sismógrafo (www.astroimagem.com).
Marcon diz que o aparelho é basicamente o mesmo que construiu há três
anos. “A única diferença é que providenciei uma cobertura para protegê-lo
das correntes de ar”. O geólogo utilizou um PC pentium 3 e uma interface
para o aparelho conversor analógico. A interface custou 20 dólares e foi
importada de uma empresa especializada na construção de sismógrafos
amadores.

Ele também lançou mão de um software livre para transformar dados em
gráficos. Para captar os terremotos, montou um pêndulo, composto por um
transdutor elétrico posicionado sobre uma bobina. O equipamento tem um
metro de comprimento por meio metro de largura e está instalado no bairro
Guará, próximo ao campus da Unicamp. Nos últimos três anos, conforme
Marcon, o sismógrafo registrou centenas de eventos, de variadas
magnitudes. O primeiro foi um tremor de 5,2 pontos ocorrido no Atlântico
Sul, em abril de 2008, e que foi sentido nos estados de São Paulo, Paraná,
Rio de Janeiro e Santa Catarina. “Entre os sismos mais fortes, o
instrumento captou o que destruiu algumas localidades chilenas e o que
devastou o Haiti, ambos em 2010”.

Fonte: Diretoria do Instituto de Geociências da Unicamp.

Felipe "Samoa" Mantoani, Coordenador de Comunicação e Eventos - CAGEAC 2011

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